sábado, 23 de abril de 2011

Ainda Vivendo

   Na antiga janela revivo pensamentos do passado. Tardia solidão jamais abandonada. Desnecessário recordar que imersa na renuncia permanecerei. Ao redor, milhares se espalham. Continuo só. A minha jornada precisa ser assim. Já aceitei. Sem rancores. Sem mágoas. Por mais que eu tente, sempre me sentirei desta forma.
   Na verdade, não é a paixão que me move e sim o medo da solidão. As horas se alastram e não há saída alguma. A angústia é quem reina. As lágrimas se acabam. A lua é engano. É ilusão. A verdade está presente. O canto se cala para todo sempre. O eterno é história. O resto também. Por isso, a amargura. Nunca será suficiente alcançar nada. 
  O receio continua. Escrava das horas. Mártir de qualquer sentido. Não sou mais dona de mim. Porém as escolhas são as mesmas. Os caminhos também. Entreguei-me para me salvar. Para escapar do destino. O errado foi acreditar que o outrora celebraria a minha rendição.
   Perdição infundada. Cálice esmerado da morte. De qualquer uma. Da que vier primeiro. A alma já se esvai. Nem mais se importa. Nem mais regressa. Nem mais canta. O céu, que no passado brilhava, agora é só noite. E não há mal algum nisso. Pelo contrário. Agora, que venham madrugadas. Sussurros e o silêncio de uma única voz. Ali, na luz mais intensa de todas. Sem pestanejar. Os olhares se cruzarão. Não escutarei mais nada. Seguirei firme. Sem propósito. Evitando somente o que temo. Somente isto.

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