quinta-feira, 3 de março de 2011

Caminho



   A noite se finda. Os olhares se cruzam. O amor abala o coração desprotegido. Ao observar detalhadamente cada gesto. Cada semblante. A certeza domina os pensamentos. Já sei todas as razões. Há uma explicação. O amor existe. Para mim, isso foi a maior descoberta. 
   A vista cansada de mais um dia longo. Os afazeres que tanto perturbam. A necessidade de encontrar a paz. Que tanto busca. Aquele perfume. Os braços repousam suavemente sobre a perna. O som de uma música balbuciada. E a cristalina distração transparece na face iluminada pelas estrelas. 
   Mínimos detalhes. Antes não notados. Crescem. Expandem e conquistam ainda mais. O piscar. O sussurro. As conversas do cotidiano. O mais simples silêncio. Uma doçura. Um cuidado. Os carros passam. Os dias chegam. Toda vontade é pequena. Há uma imensidão de desejos. Não existe só a sede do próximo encontro. Não é mais só isso que impulsiona. São as menores coisas. 
     Ao acordar, nunca se sabe o que se encontrará. Mas, ter a certeza de que  se é amada é a melhor de todas. O caminhar. O estalar. O sorriso. A voz inebriante. Tudo continua a somar o sentimento. Sonhos. Todos. Regresso que encanta mais e mais. Eternamente. Num ciclo. Pulsante.
     A pele. Clama para ser tocada. Os lábios para serem beijados. E o rosto para ser acariciado. Talvez, eu finalmente tenha sido tomada pela pieguice. Não interessa. As palavras estão aqui para serem escritas. Enquanto desperto do transe, quero delirar de paixão. Inflamar as sensações. 
      Ao caminhar. Despeço-me. Para um breve adeus. Passo após passo. Com o andar tão característico. Então, vem mais um gesto. Que guardo. Que para sempre ficará na memória.

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