segunda-feira, 28 de março de 2011

Até o próximo amanhecer

   Levou-me a o máximo do prazer. Com sua sede interminável. Com aqueles olhos que me devoravam. Perdia a consciência. Em seus braços o mundo desaparecia. As horas cessavam. Silêncio. Escutava somente os sussurros. As palavras precisas. A alma incendiava. Enlouquecia a cada toque. Seus gestos queimavam a pele. A minha. E essa sede. Nunca se esvai. E a vontade é interminável.
  Escrava do próximo beijo. Vibrava. Ensandecida. O desejo infalível. A pulsação. A lembrança do gosto inesquecível. Na noite que se findava o ar desaparecia. Sem respirar. Pensar em nada mais. Imersa em sensações incontroláveis. Chama que não se apaga. Num mar que desliza. Nos olhares que dominam. Trêmula. Sem encontrar a lucidez. Esquecia-me. Perdia-me. Era o que mais queria. Perder-me.
 Compulsivamente, precisava desfrutar de todos os instantes. Saciar o impossível. Possuir e ser possuída. Devastada de emoções. Jamais imaginadas. Deliciava-me com cada segundo. Queria mais e mais. E sentir. Sentir com toda a verdade.
   Somente assim descanso. Até que o outro dia chegue. E o amanhecer instale a purificação tão almejada. Não por mim. Mas, por outros. O problema é que o amanhecer já não me cura mais. Faz tempo. Agora, ele só me incendeia fortemente. Cresce em mim a paixão inegável. E os delírios, tão por mim falados, apoderam-se. De tudo que restou do outrora adormecido.

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