quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Quarta



  Ali, após nascer, naquele instante, fui consagrada ao vento. Após isso, a ligação foi feita. Tão forte. Incalculável. Eu deveria saber. Após sua morte, esses dias não seriam fáceis. Mas, não imaginava que a dor iria ser tão grande. Precisava ouvir seus conselhos e ensinamentos. Escutar cantigas. Ver o luar incidindo sobre o mar.
   A saudade é cruel. Não é qualquer uma. É a mais inalcançável de todas. É a impossível. Nunca mais terei. A doçura dos abraços, a voz me ninando, as ideias tão fascinantes. Dilacero-me. Consumida. Sem respirar. Sem vacilar.
    O abandono tão repentino. Tão sofrido. Que não passa. Nunca. Permanece. Como uma doença. Incurável. Inconsolável. Eternamente triste. Então, quando o sol raiar, em todas as quartas-feiras existentes, vou sentir o vento. A música soprará em meus ouvidos que o tempo continua a me arrastar. As palavras. Tão ditas. Jamais deixadas de lado. Segui-las. Talvez, até inconscientemente. Vivo. Quero que cada minuto valha a pena. Como ele fez. E quero fazer.    
       O mais incrível é que momentos do passado surgem. Lembranças  outrora renegadas. Voltam. As lágrimas não cessam. Retornam. Queria que as horas parassem. Que o mundo desaparecesse. E ele regressasse. Para todos. E o caos, o vazio, os tormentos sucumbissem. Até que o último suspiro viesse. E aí sim, eu estivesse preparada.         

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