sábado, 5 de fevereiro de 2011

Eternidade


   Cansada de tantos julgamentos, silencio o tédio. Acalmo-me diante das inseguranças. Abandono ilusões. Acredito nas imperfeições. Mas, já não tenho problemas com isso. Barulho ao redor. A madrugada escuta cada passo. Delirante de amor prossigo em situações exageradas. 
   Cálice sufocante do grito lancinante. Candente paixão inflama a noite acorrentada. Porém, já não como outrora. Arde um outro tipo de chama. Ali. Estendida sobre o pedestal mais iluminado de todos, entro em êxtase. Suplico pela alvorada recobrada. Pela manhã alucinada.
   Depois, há o retorno da realidade. Que puxa. Que queima. Porém, não de forma prazerosa. Dilacera cada olhar encantado. Os dias. O tempo. Arrastados. Sepultam as jazidas renovadas. Relembram horizontes alcançados. Agora, tão banais. Tão esquecidos.
    As horas. Passam. Lentamente. Sobre cada neblina. Cada sombra. Cada minuto de relutância. De encanto. De sublimação. Resta a espera. Não daquela pessoa. Essa não é mais tão dolorosa. Agora, aguardo o regresso de quem fui. Das vontades. Das razões. Tão certas. Tão inevitáveis. E, no final, a lua, pálida, encobre a verdadeira face, escondida sobre uma doçura inexistente.

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