quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Vazio



   Sombras. Rondam. Cravam em mim seu punhal dilacerante. Não há salvação. Tento purificar-me. É impossível. Ao lembrar os dias em que sorri. Que a chuva abençoava minha alma. Que o canto era doce e puro. Não há mais momentos assim. Não adianta eu me enganar. Estarei sempre só.
    O pior. Entender o que sinto. É tão confuso. A madrugada incendeia o amanhecer. Procuro o luar. Que foge na neblina da noite. Ainda sim. Clamo por ele. Tento escutar aquela voz que ilumina. Que inflama. Que acalma qualquer dor.
     Fingir. Antes era fácil. Doce e tranquilizador, porém agora não há mais significado em quem eu era. O que fui já se apagou. A fumaça libertadora consome. Sussurros de pranto tomam conta. A aura, outrora translúcida, pesa. Finca sobre o cálice da alegria a mais torturante certeza de que a solidão virá. Permanecerá. Nunca abandonará.
    O medo. A necessidade. A escuridão que se alastra. As marcas que o passado deixa. As lágrimas pulsam. A tristeza vem. Não só por um motivo. Talvez dois. Infinitos. Melancolia. Que não se finda. Gritos que cantam. Suspiros.
    Lento entardecer. Soluços de amargura. Cálida sensação. Saudade lancinante. Agora, nem sei mais do que sinto falta. Contudo, a presença é o que necessitava. Alguém que me recordasse que os pássaros cantam. Que o vento sopra emoções. Que vida é boa para se viver. Que as horas são só um detalhe.
      Assim, caminho. Enferma de felicidades. Silenciando verdades. Sozinha. Calo-me. A quietude talvez seja a saída. Alastrando-se até que ninguém mais me enxergue.

Nenhum comentário:

Postar um comentário