terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Tédio

   Sufocada por obrigações. Deveres. Afazeres. O tédio se instala. Talvez queira viver intensamente o tempo inteiro. Inebriar-me de sensações. Ouvindo aquela música. Não a nova. Aquela antiga que toca o fundo da minha alma. Suspiro. Tento ocupar a mente. Esquecer os problemas e sorrir. Sorrir e lembrar os bons momentos vividos tão recentemente.
   Na neblina dessa paixão tão fulminante, esqueci-me mim, dos outros. Agora, não há momento que não queira escutar aquela voz e apagar todas as outras. Se é da idade ou não, já não importa. O sentimento já não é efêmero. É um vício, como já disseram. Sei que curar-me não é mais uma opção. Nem penso mais nisso. Deixo, agora, que venha. O que vier. A emoção que quiser sentir. Possuir o que preciso.
   Exatamente como na canção. Relembro. Sinto. Vibro. Sigo. Caminho. Pois é o tempo quem mostra que a obrigações estão ali. Que as amarras, os impedimentos existem sim. Porém, não importa. Queimarei todas. Renunciarei. Chega de pranto, dúvida, temores.
   Os dias passam. A solidão, esquecida, ronda. Retorno ao passado. Com os olhos cerrados. Tudo é tão mais claro. Cristalino. Contudo, a pergunta insiste em voltar. Afinal, essa não pode ser a única salvação. Mas, não quero, não necessito de outra.
     As palavras não secam. Nunca. Jorram da aura rejuvenescida pelo beijo. Por mais um amanhecer. As lágrimas, essas desaparecem. Esvaem-se a cada luar. Novamente, a estafa domina. Afasto-me do êxtase e vou ao encontro das sombras. Esperando, pelo menos, a misericórdia derradeira.

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