domingo, 2 de janeiro de 2011

Furor


   Doce pecado que escorre entre olhares perdidos. Silêncio. A noite toma conta e os pássaros adormecem. O ano muda. As estações passam e, no final, o sentimento é o único que resta. Translúcida sensação amanhece a alvorada desconhecida. Memórias. Semblante cálido inaugurado. Morte sincera das vontades.
   Pulsante capricho amarga a renúncia anunciada. Leves soluções alcançadas. Olhar que extermina as incertezas. Fulmina adorações. Sentencia o destino. Enlaça as lembranças. Colhe a misericórdia estendida. Palavras. Todas em vão. Calam-se. Crava no peito o rancor estendido.
   Melancolia. Fulgor. Destruição. Vertem-se sentimentos da alma condenada. A tortuosa celebração da tristeza acorrentada. Flutuo em emoções. Danço em furor reconhecido. Testemunha singela da sorte acolhe-me. Aproxima-me do acaso. Inebria minhas madrugadas cinzentas. Sim, também tenho dias cinzentos.
    Neles, a manhã não chega. As cores não vibram. A música não toca. O mar se incendeia. Ali, esperando para estar envolta de flores retorno ao pedido incessante. A voz emudece. A escuridão alastra-se. A aura clama   pelo sorriso que não vem.
      Pensamentos segregados transformam a dor em fantasia. E numa tarde sombria, o temor afasta-se novamente.

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