terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Data

  Ao abrir os olhos, procurei pensar em outras coisas. Mergulhada numa manhã chuvosa, impregnada de lembranças. Porém, é impossível negar os fatos. Assim, quanto mais corria, mais o assunto chegava em minha direção. Queria chorar. Gritar e me esconder. Precisava ouvir aquela canção. Ser ninada mais uma vez. Ter meu sono embalado por tantas músicas, suavemente cantadas. 
  Com o vento, com o mar, com o sol. Todos juntos trazem memórias. Recordações eternas. Mas, o pior é o arrependimento. Dos erros. Das brigas. Das injustiças. Se ao menos não tivesse sido tão cega. Tão firme em inúteis propósitos. Contudo, não há sentido em remoer o passado. Terei que sofrer cada segundo. Silenciosamente.
  Não há volta. Tudo está perdido. Só ficaram as lembranças. Risadas que ecoam na mente. Assovios. Gestos. Abraços. Cantigas. E o mar. Que na sua profunda imensidão me faz sentir a presença dele. Sim, o mar. Que tantas vezes dormi escutando seu barulho. Naquela casa. Naquela época. Onde o sol brilhava. Onde tudo era infinito. Eterno.
   Assim, finjo. Enquanto me recupero. Se for possível me recuperar. Atormentada em prantos titubeantes, olho para o céu. Cambaleante. Incessante. Deixando o vento me abençoar.

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