domingo, 26 de dezembro de 2010

Breve Delírio

   Vendo mais uma vez o amanhecer, deixo a raiva me dominar de novo. Lascivo ciúme consome até a última gota da razão. Sinuosa verdade, escondida em olhares tranquilos. Noite amargurada, fatos relembrados  dilaceram a alma.
   Cristalina dúvida, instala-se sobre o luar. Amargura sensível da dor se desvanece em abandono. Silenciam-se os versos. Dominam-se sensações. Sentencia-se o pecado. No entardecer fadado de tortura, a solução é escondida.
   Corrente sepulcral da morte do inconsciente destrói a mais pura alegria. Palavras impensadas. Gestos recentemente sentidos. Cautela queimada ao vento. Gritos angustiados ecoam pela mente que jaz soturna. Ilusão apavorada. Temor adormecido. Num pesar, despir-se do rancor eleva o suplício da aura recobrada.
   Os dias renegados apagam a o imperdoável. Curam-se as memórias. Recobram-se lembraças. Porém, há ainda escondido um ressentimento guardado. O choro cessa. A misericórdia quebra-se. O corpo pulsa. Os olhos queimam.
     Certamente, chegará o perdão. E assim, com o anuncio da calma, os pássaros entoarão a canção mais bela de todas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário